quinta-feira, 20 de março de 2014

Prólogo de anos terminados em 4




1964 - eu não tinha nascido, mas meus pais casam "antecipadamente", saem do Brasil, minha mãe não se forma, meu pai fica sem trabalho. Paris, Argélia. Novos começos.

1974 - A gente sai do Brasil. Cinco anos de Suíça. Exílio que me define. Forasteira, para sempre.

1984 - Entro na faculdade. Todo mundo achava que eu ia fazer letras, belas artes, desenho industrial, comunicação. Vou fazer economia, para espanto do mundo. Para entender. Porque eu preciso.

1994 - Nasce meu primeiro filho, Felipe. Tenho diagnóstico de linfoma de Hodgkin. Um ano cheio. Um ano alegre, apesar da quimio. Um ano que me faz sorrir, vejam vocês. Felipe bebê. Bebê de alegria, bebê de cura.

2004 - Meu pai fica doente e morre. Tudo isso em meses. Logo antes ele tava em Moçambique trabalhando. Ou em Angola, não lembro. Tava pensando reforma agrária. Tava vivendo, querendo mudanças. Querendo ajudar. Lá, aqui. Tão vivo, meu pai. Até hoje, embora já faça dez anos. A gente lembra, todo dia, e de repente ele tá aqui.


2014 - Aí ainda não sei. Por isso é prólogo. Mas é ano terminado em 4: promete.



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